domingo, 6 de outubro de 2013

A Guerra do Maracanã 

Na arquibancada...
- Não acredito Ricoeur, o que estamos fazendo aqui? Olhe esses absurdos; Para sentarmos aqui percorremos uma barreira de isolamento de três quilômetros para que as pessoas não possam se aproximar do estádio! A quem serve esse jogo? (F)
- Não imaginava que seria assim... Lí coisas incríveis sobre o Brasil, mas devido o meu desconhecimento sobre este país...Eis um lugar difícil de entender. (R)
- Nesse momento, um grupo de manifestantes está sendo reprimido violentamente para que esse “espetáculo” aconteça! (F)
- Também não estou me sentindo à vontade... Não consigo me concentrar em assistir essa partida de futebol incrível, sabendo que um grupo de pessoas está sendo reprimido. (R)
Apesar de toda a grandiosidade do evento com cerimônias de abertura e encerramento, os gritos dos torcedores no estádio, a iluminação do campo, François Furet e Paul Ricoeur se limitaram a assistir a partida sem fazer grandes comentários. Ao final do jogo, com a vitória do Brasil por 4x1 sobre o Uruguai, Furet pergunta à Ricoeur:
- Quantas pessoas foram reprimidas? Será que tinham mais pessoas lá do que aqui? (F)
- Acho improvável, na minha cabeça estou tentando entender essa situação. Alguns comemoram sem parar, outros nesse momento são violentamente reprimidos por um outro grupo que se limita a defender esse espetáculo a todo custo. Esses acontecimentos estão meio caóticos na minha cabeça, ainda não consegui situar os elementos, mas uma coisa está clara; todo esse isolamento, essa separação, esse espetáculo para um grupo privilegiado levam a essas manifestações. (R)
- Pois bem, esse resultado também me trouxe algumas questões; os uruguaios nem se mexeram em campo. Tiveram um comportamento muito semelhante ao da Espanha na final das Confederações ano passado. Será que não deveríamos problematizar esses resultados? (F)
- Pode ser, mas o que me intriga agora é entender esse momento que estou vivendo, dar sentido a isso que estamos fazendo parte.  (R)
- Quero saber dos dados, talvez estejamos superestimando esses acontecimentos e nem tenhamos aproveitado o jogo pensando em um problema que talvez nem se tenha como comprová-lo. (F)
- Como não? Analise nosso percurso até aqui, cordões de isolamento, forças policiais, os custos que tivemos e por fim, a notícia de pessoas reprimidas nas redondezas do estádio! Esses elementos não são suficientes para pensarmos na exclusão que este evento representa? E pensar que o futebol, esse esporte tão plástico e cheio de surpresas poderia chegar a ser incorporado dessa maneira. (R) 
- Tem razão. E além disso que você se lembrou, existem coisas por trás de tudo, elementos que não podemos ver e sequer levantar com auxílio de nossas memórias. Algo que só problematizações conseguirão dar conta. (F)
- É uma pena que nosso voo sai em algumas horas, queria entender melhor toda essa situação...Talvez construir uma narrativa de tudo que vivemos aqui. (R)
- Pois é, vamos nos apressar, mas às vezes olhar de longe pode nos fazer enxergar mais amplamente a situação, poderemos encontrar explicações mais específicas, fazermos recortes mais interessantes e conceitualizar melhor o problema. (F)

Jonas Oliveira 7198884

Um comentário:

  1. Explorou pouco as diferenças conceituais entre os autores, principalmente sobre a questão da narrativa e da história serial. Não acho que a referência à repressão seja despropositada, mas poderia ter falado mais sobre o evento - a partida de futebol e suas possíveis relações (ou não) com a memória do evento de 1950.

    ResponderExcluir