Brasil, Rio de Janeiro,
Maracanã, o mundo inteiro ligado na Grobo para assistir a final da Copa do
Mundo entre Brasil e Uruguai. No intervalo do difícil jogo, com placar 1x1, ali
nas arquibancadas, espremidos entre os milhares de torcedores que foram até o
estádio conferir o jogo mais emocionante do ano, dois senhores, velhos amigos,
se encontram.
Furet: Olá meu querido colega Paul, como vai?
Ricoeur: Muito bem, e você?
F: Estou um pouco tenso, confesso, essas partidas
sempre me emocionam.
R: A mim também! O futebol sempre me intrigou,
sensibiliza muitas pessoas, seria um bom tema para estudo, não acha?
F: Acredito que sim, o futebol instiga sentimentos
mais primitivos no homem em alguns momentos.
R: Isso é verdade. Aceita um pouco de amendoim? Sou
viciado em amendoim!
F: Quando estou assistindo jogo, prefiro ficar sem
comer! Esses momentos me deixam muito tensos!
R: A mim também meu caro, a mim também. Mas voltando
ao jogo, qual o seu palpite para o placar final?
F: Difícil dizer, não gosto de predizer o futuro,
mas analisando os fatos anteriores...
R: Espere um pouco, Furet, não me diga que você vai
comparar esse jogo de hoje com
anteriores?
F: Mas qual é o problema? A historia segue uma
narrativa, porque não seguir sua linearidade, comparar resultados para chegar à
um palpite? Não acha plausível essa comparação?
R: Furet, meu caro, você e suas comparações, sempre
reduzindo pessoas e seus relatos à números e estatísticas, tudo sempre tem que
seguir um padrão?
F: Mas meu caro, veja como exemplo a final da Copa
de 50, os mesmos times, um contexto histórico parecidíssimo, impossível fugir
de tais comparações!
R: Pensando na final da Copa de 50, esse assunto é
um tanto quanto proibido para nossos amigos brasileiros. O trauma de ter
perdido a final em casa amargou a memória de muitos desse episodio, melhor nem comentar
sobre esse jogo muito alto, talvez alguém nos ouça e a situação se complique.
F: É verdade, ainda mais por sermos franceses, eles já
não gostam da gente pela final de 98, nunca perdoaram o nosso querido Zidane. Esses
brasileiros, tão rancorosos não?
R: Também acho, mas é o que comentamos logo que nos
encontramos, o futebol é assim, mexe demais com as emoções das pessoas...
F: Mas a lembrança daquele jogo lá, melhor não
falarmos a data mesmo, permanece muito viva na memória do brasileiro, muito
interessante isso!
R: Demais! Mas creio que essa lembrança só esteve tão
forte na memória dos brasileiros porque o jogo foi deveras surpreendente! Ninguém
jamais diria que o Uruguai venceria a Copa daquele ano, foi um resultado
completamente imprevisível! Os fatos memoráveis é que tornam a memória tão viva
e fazem com que a historia aconteça.
F: Concordo, mas o jogo só teve tamanha relevância se
pensada em seu contexto, o jogo em si causou, mas não o suficiente.
R: Furet, você sempre discordando de mim! Tem certeza
que não quer amendoim? Pelo menos nisso concordamos não é mesmo? Que amendoim é
uma delicia e combina muito com o meio em que estamos inseridos, o jogo de
futebol na final da Copa!
F: Chega de amendoim, chega de papo! Olha os
jogadores voltando pro campo, vai começar o segundo tempo!
Isabela Trevisan Nascimento n. 6838408 – Noturno
Poderia ter aprofundado mais as questões teóricas dos autores do diálogo, que acabou ficando raso, apesar de apontar timidamente as diferenças entre eles.
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