domingo, 6 de outubro de 2013

15 minutos de amendoim

Brasil, Rio de Janeiro, Maracanã, o mundo inteiro ligado na Grobo para assistir a final da Copa do Mundo entre Brasil e Uruguai. No intervalo do difícil jogo, com placar 1x1, ali nas arquibancadas, espremidos entre os milhares de torcedores que foram até o estádio conferir o jogo mais emocionante do ano, dois senhores, velhos amigos, se encontram.

Furet: Olá meu querido colega Paul, como vai?

Ricoeur: Muito bem, e você?

F: Estou um pouco tenso, confesso, essas partidas sempre me emocionam.

R: A mim também! O futebol sempre me intrigou, sensibiliza muitas pessoas, seria um bom tema para estudo, não acha?

F: Acredito que sim, o futebol instiga sentimentos mais primitivos no homem em alguns momentos.

R: Isso é verdade. Aceita um pouco de amendoim? Sou viciado em amendoim!

F: Quando estou assistindo jogo, prefiro ficar sem comer! Esses momentos me deixam muito tensos!

R: A mim também meu caro, a mim também. Mas voltando ao jogo, qual o seu palpite para o placar final?

F: Difícil dizer, não gosto de predizer o futuro, mas analisando os fatos anteriores...

R: Espere um pouco, Furet, não me diga que você vai comparar esse jogo de hoje com 
anteriores?

F: Mas qual é o problema? A historia segue uma narrativa, porque não seguir sua linearidade, comparar resultados para chegar à um palpite? Não acha plausível essa comparação?

R: Furet, meu caro, você e suas comparações, sempre reduzindo pessoas e seus relatos à números e estatísticas, tudo sempre tem que seguir um padrão?

F: Mas meu caro, veja como exemplo a final da Copa de 50, os mesmos times, um contexto histórico parecidíssimo, impossível fugir de tais comparações!

R: Pensando na final da Copa de 50, esse assunto é um tanto quanto proibido para nossos amigos brasileiros. O trauma de ter perdido a final em casa amargou a memória de muitos desse episodio, melhor nem comentar sobre esse jogo muito alto, talvez alguém nos ouça e a situação se complique.

F: É verdade, ainda mais por sermos franceses, eles já não gostam da gente pela final de 98, nunca perdoaram o nosso querido Zidane. Esses brasileiros, tão rancorosos não?

R: Também acho, mas é o que comentamos logo que nos encontramos, o futebol é assim, mexe demais com as emoções das pessoas...

F: Mas a lembrança daquele jogo lá, melhor não falarmos a data mesmo, permanece muito viva na memória do brasileiro, muito interessante isso!

R: Demais! Mas creio que essa lembrança só esteve tão forte na memória dos brasileiros porque o jogo foi deveras surpreendente! Ninguém jamais diria que o Uruguai venceria a Copa daquele ano, foi um resultado completamente imprevisível! Os fatos memoráveis é que tornam a memória tão viva e fazem com que a historia aconteça.

F: Concordo, mas o jogo só teve tamanha relevância se pensada em seu contexto, o jogo em si causou, mas não o suficiente.

R: Furet, você sempre discordando de mim! Tem certeza que não quer amendoim? Pelo menos nisso concordamos não é mesmo? Que amendoim é uma delicia e combina muito com o meio em que estamos inseridos, o jogo de futebol na final da Copa!

F: Chega de amendoim, chega de papo! Olha os jogadores voltando pro campo, vai começar o segundo tempo!


Isabela Trevisan Nascimento n. 6838408 – Noturno

Um comentário:

  1. Poderia ter aprofundado mais as questões teóricas dos autores do diálogo, que acabou ficando raso, apesar de apontar timidamente as diferenças entre eles.

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