segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Final de Copa em 2014

O dia estava perfeito para uma partida de futebol, pensou Ricoeur enquanto se espremia por entre a multidão. A animação da torcida que se reunia no estádio era tanta, que o ar vibrava com felicidade e expectativa. Por entre alguns jovens vestidos de verde e amarelo, Ricoeur viu seu amigo, Furet. Chamou-o, e, juntos, se dirigiram para seus lugares.

— Ufa! – desabafou Furet quando se sentaram. – Já não tenho mais idade para vir ao estádio! Deveríamos ter ficado em casa e acompanhado o jogo pela TV.

Ricoeur riu do amigo.

— E perder este momento!? Oras! Eu quero estar bem presente em uma partida histórica como esta!

— Nós iríamos acompanhar a partida do mesmo jeito. Talvez até melhor, já que não teríamos essa garotada fazendo bagunça à nossa volta.

— Deixe de ser ranzinza, Furet! Sei que não há nada mais natural para um historiador que acompanhar um fato histórico à distância, mas, dada a oportunidade, por que não vive-lo? Acredito que assim será muito mais fácil de apreender este momento para poder estrutura-lo em nossos estudos depois. – disse 
Ricoeur com um sorrisinho debochado.

Furet olhou-o de canto de olho.

— Continue me provocando... Eu pensei que você tivesse me chamado para ver um jogo, não discutir teorias. Para isso, seria mais fácil irmos tomar um cafézinho. Seria menos... barulhento e movimento que aqui.

— Quem falou em discutir teorias, Furet! – disse Ricoeur entre altas risadas – Você tem que aprender a relaxar e aproveitar o momento! Se você não viver a Vida, como irá ensinar os outros a viver com seus estudos sobre a História?

Suspirando, Furet resolveu deixar as provocações de lado. O amigo tinha o costume de dar essas alfinetadas, de modo que ele já estava acostumado. Além do mais, pensou, haverá troco. Relaxando um pouco, Furet deu uma olhada em seu redor. Viu o campo, as muitas pessoas que, aos poucos, iam se acomodando em seus lugares, as cores verde-amarelo do Brasil contrastando com o azul-e-branco do Uruguai.

— Olha, depois que você se acomoda em seu lugar, o estádio fica bem agradável, até. – comentou – É impossível não se contagiar com essa animação toda! Talvez tenha sido uma excelente idéia ter vindo ver o jogo ao vivo, afinal.

Ricoeur sorriu.

— Eu sabia que você ia gostar! Está ansioso pelo começo da partida?

— Quero é saber o resultado desse jogo. Considerando que o Brasil perdeu para o Uruguai neste mesmo estádio em uma final de Copa a cerca de 60 anos, acredito que os dois times estejam bastante tensos. Os brasileiros não vão querer perder novamente, mas os uruguaios sabem que outra vitória como aquela seria uma grande humilhação para os rivais e um enorme estímulo para sua própria seleção.

— Bem, sim. A derrota do Brasil em 1950 ainda é viva na memória dos brasileiros; faz parte da história de seu futebol. E você tem razão quanto aos uruguaios: eles vão querer repetir a vitória. Mas, veja bem, aquela final foi um estímulo para os brasileiros, também. Foi ela quem produziu o Pelé, por exemplo, que não queria que aquela humilhação se repetisse.

— Ah!, sim. Bem, minha opinião é que o Brasil irá vencer hoje. A seleção brasileira tem maior número de vitórias sobre os uruguaios que o contrário. Além do mais, o desempenho brasileiro nos últimos tempos tem sido melhor que o do Uruguai.

Ricoeur se mexeu desconfortavelmente na cadeira.

— Tudo bem? – perguntou Furet, que percebera o movimento do amigo.

— Lá vem você, novamente. Sempre reduzindo a história a números e estatísticas. – Ricoeur parecia um pouco irritado. – Você parece ignorar as circunstâncias que envolvem essa partida, meu caro. Os jogadores do Brasil têm sido grande destaque no futebol mundial, e eles têm a oportunidade de um acerto de contas aqui. No entanto, o jogo é imprevisível, pois os uruguaios também virão com tudo; eles não poderão simplesmente aceitar a vingança da seleção rival.

Não podendo aguentar mais, Furet soltou uma sonora gargalhada.

— Acredito que quem obteve vingança aqui fui eu, seu fanfarrão! Falei para não me provocar! Eu sempre me surpreendo em como você se irrita fácil. “Você precisa aprender a relaxar, Furet”. “Ninguém falou em discutir teorias, Furet”. Há!

Por um momento, Ricoeur pareceu perdido. Então, a compreensão iluminou seu rosto – havia caído na provocação do amigo – e ele ficou desconcertado, o que fez com que Furet risse ainda mais. Por fim, riu também.

— Está bem, admito derrota.

— Isso vai ficar para sempre em nossas memórias, – disse Furet com voz debochada – passando a fazer parte de nossa história. Lembre-se de estruturar bem essa experiência para poder narra-la aos seus netos, Ricoeur.

— Não é necessário lembrar de um ponto factual, é? Basta contar a eles que nosso placar está em... Quantas vezes te tirei do sério, mesmo? Você é quem conta essas coisas.


— Ora, fique quieto. Vamos ver se o Brasil vai conseguir se vingar do Uruguai também, sim?


Henrique Costa
7700192 – Noturno

O início do fim do Jogo!

Dois franceses, um historiador Françóis Furet e um filósofo Paul Ricoeur aguardam sentados lado a lado na arquibancada, o início do jogo da final da copa do mundo de 2014 entre Brasil e Uruguai no maracanã:

F: Paul, quais as suas expectativas para o jogo de hoje? Levando em consideração a decepção dos brasileiros na copa de 1950 com a vitória do Uruguai por 2x1, a posição do Brasil hoje como penta-campeão e o desempenho considerável do Uruguai na última copa?

R: Se pensarmos com base na fenomenologia do tempo em Agostinho o passado não é mais, então o Uruguai não é mais campeão, o presente não permanece assim um segundo após a vitória podemos inferir que este evento já faz parte do passado e o futuro não é ainda, dessa forma poderei transmitir minhas impressões ao final do segundo tempo. A história do gênero humano é um atravessamento do tempo, nós fazemos a história acontecer com nossas ações e nossas paixões. Nesse sentido, o resultado do jogo de hoje pode ser o resultado das ações, das paixões ou de ambos.

F: Não falemos de filosofia, este jogo é histórico porque colocamos um problema - O Brasil perdeu a copa de 1950 no maracanã - esta é a grande oportunidade de réplica, podemos quantificar a partir de fundamentação matemática ou seja quantos gols o Brasil precisa fazer para vencer o Uruguai, tornar-se hexacampeão e entrar para a história do futebol. Você está torcendo para qual time?

R: Furet, o tempo da história não é coincidente com o tempo presencial. Não torço para nenhum time, estou apenas fixando os fatos e aproveitando para listar as características físicas da mulata carioca, uhhhh nem só de filosofia vive um homem! Claro que devemos considerar que a derrota brasileira nesse jogo seria de fato uma tragédia, infortúnio não merecido capaz de provocar grande tristeza e consternação.

F: Paul vejo que temos opiniões em comum e que a sua história narrativa apesar de ultrapassada e fora de moda não apoia-se simplesmente na imaginação mas corresponde a configurações da própria realidade histórica.

O jogo termina, a bola rola, o jogo começa, mulata, roda de samba, cerveja é golllllll!!!!!! A história-narrativa continua lado a lado e quiçá de mãos dadas com a história-problema, a poética e a antropologia interagem e se complementam.

R: Pato recebe a bola, flutua sobre o gramado, dribla um, dois, três jogadores, passa para Neimar que como um pássaro rodopia no ar e numa bicicleta mágica chuta e é bola fora!

F: Mas porque o Neimar não passou a bola para o Robinho que estava sozinho na direita? Faltam só dez minutos para o fim do jogo...

*************
Priscilla Gomes Osti - Noturno - Nº 5682352

No novo Maracanã

Diante de uma arquibancada verde e amarela que transbordava de euforia (nos limites do ordenamento numerado dos assentos do novo Maracanã, é claro) os franceses Paul Ricoeur e François Furet acomodam-se na espera no início do jogo, observando silenciosos a euforia, até que, despretensiosamente, Furet comenta:
- O Brasil realmente não aprende a lição, não é certo Paul? Tremenda euforia em torno dessa Copa, e agora essa final com o Uruguai... foi assim que eles tomaram aquela peia no mundial de 50. É incrível que eles repitam esse cenário!


Ricoeur, até então com um olhar compenetrado no campo, não resiste à piada e de golpe responde:
- Nossa, logo você François, falando em História mestra da vida?

- Como? responde Furet contrariado, ao que Ricoeur reage com um sorriso maroto. - Ora Paul, não se trata disso... foi só uma observação. Veja o espírito dos torcedores brasileiros nesse momento, essa é a copa em que a melhor seleção do mundo é a anfitriã, não há dúvida de que o favoritismo é deles. Desde que a Espanha foi eliminada eles já se sentem campeões, entretanto é inevitável lembrar que em 1950 a situação era semelhante. Há 64 anos o Maracanã, na época o maior estádio do mundo, foi inaugurado especialmente para ser palco da vitória brasileira, o que se revelou um verdadeiro fracasso.

- Não há dúvida François, responde Ricoeur com mais seriedade, a semelhança é sedutora, e eu não vou negar o passado, mas me admira que justamente você, um crítico apaixonado do determinismo histórico, esteja estabelecendo uma conexão entre estes dois acontecimentos separados por 64 anos de História.

- Ora Paul, é claro que a História não deve ser munição para nenhuma afirmação do presente, no entanto estamos agora falando de futebol! E o jogo já vai começar, veja, o juiz alemão acaba de dar o apito inicial.

- Desculpe François, não posso deixar de fazer algumas observações, naturalmente sem prejuízo da nossa apreciação da partida. Não importa muito a natureza de seu comentário, é uma interpretação sobre o passado na medida em que você concatena alguns eventos específicos do passado, construindo assim uma narrativa sobre ele, que é portadora de significados. São trazidas simbologias sobre esse passado, e isso, você sabe, a essa altura do campeonato, tem implicações...

- Já basta Paul! História é História, futebol é futebol! Esse é o problema de vir ao estádio com um filósofo... já não bastasse o ruído destas cornetas insuportáveis! Quando entraram na moda? Na Copa da África, não foi? Já deve ter algum colega defendendo isso como contribuição do Terceiro Mundo... pelo menos já está no fim esse 1º tempo sem gols!

- Nossa, já? O primeiro tempo já acabou François?

- Como já? Foi interminável Paul!

- Que incrível é a experiência temporal para cada um de nós, não é mesmo François? Veja só, eu nem me dei conta. Vamos comprar alguma bebida enquanto esperamos o intervalo? Você não ficou chateado com minha provocação, não é mesmo?


Durante o intervalo os dois não puderam conversar pois demoraram muito para se fazer entender ao atendente que vendia bebidas, e logo tiveram que voltar para não perder o início do 2º tempo. Furet ainda contrariado retoma a discussão:
- ... mas para fechar a questão sobre meu comentário Paul, enquanto historiador, se fosse minha intenção analisar o passado eu a deixaria bem clara, e naturalmente eu faria uma questão que me levaria a algumas fontes, em seguida classificaria os dados obtidos a partir delas, e a análise do resultado seria apresentada numa bela narrativa, mas jamais atribuindo correlação causal com o present... Gol?! Gol?! Gol do Brasil?!!! Putain! Putain! Logo no início do 2º tempo?!!!! Vê?! Você vê?! Me diga agora?!?!


A torcida entra em fúria (em seus assentos numerados, é claro), Ricoeur, depois de alguns minutos de reflexão, se volta pra Furet e diz:
- Paul, veja bem, aquele seu comentário para mim não foi necessariamente um problema, mas conhecendo sua trajetória intelectual, me parece que houve uma concatenação de fatos que atribui certo sentido à História. Você estabeleceu o marco inicial de 1950, e já está traçando algumas hipóteses para o desfecho dessa partida, qualquer que seja: se o Brasil ganha, é um acerto de contas com esse passado e, portanto com a História; se o Brasil perde, é uma lição de História, que aparentemente não está do lado deles. De todo modo, eu como ouvinte acabo estabelecendo uma interpretação do seu comentário, que do meu ponto de vista, por sinal, dissimula sua preferência pela seleção uruguaia.

- Como?! Em absoluto Paul, minha posição nessa partida é neutra. Estou aqui somente observando as nuances do jogo, sem pretensão... não me faz muita diferença o vencedor, porque, você torce pelo Brasil?

- Não, eu não espero o desfecho com tanta paixão, me interessa mais apreciar o desenrolar, nem das escalações eu sei. Mas hoje em dia dizem que a FIFA já tem definido o resultado, que isso tudo não importa muito, é puro espetáculo.

- Ãh? Eu não acredito! Qual seria o sentido de apreciar o desenrolar então, caro Paul?

- Cautela meu caro François, observemos a partida, às vezes a História pode nos trazer surpresas...

- De acordo... e pelo andar da carruagem acho que vai acabar dando Brasil mesmo.

- Não sei, os uruguaios tem muita garra, tem um futebol rápido, podem virar o cenário, seria surpreendente. De minha parte darei um voto de confiança à garra charrua!

- Charrua? Que é isso Paul, um animal?

- Ora meu caro François, não seja tão francês, existe vida para além dos gauleses... Charrua eram os indígenas que habitavam o que é hoje território uruguaio, meu caro, dizem que nunca se deixaram civilizar... dizem também que os 3 últimos deles foram levados pra Paris. Na hora da peleja os uruguaios, pequeninos como são, sempre reivindicam essa herança.

- Por favor Paul, eu realmente não gosto muito de alimentar esse tipo de ilusão fundadora. Deve ser coisa daquele presidente esquerdista uruguaio, ôh necessidade de ficar tirando do túmulo o século XIX e suas ideologias fedorentas... Gol?! Gol do Uruguai?!!! Gol do Uruguai?!!!


O Maracanã emudece... todos silenciosamente sentados em seus assentos numerados.
- Vê? Eu nem sei se poderia dizer isso François, mas dissidente sofre viu... você e seus colegas revisionistas querem afirmar sua crítica às ideologias, e logo à esquerda, em tudo o que veem... as coisas não são bem assim.

- Absolutamente Paul, somos cientistas humanos e como tal não podemos nos eximir da crítica. Não denota em si uma postura política. Não somos desses.

- Ahã.

- E desde o início eu alertara sobre esse "Já ganhei" brasileiro.

- Eu me lembro... mas você rechaçou a garra charrua agora.

- Veja bem Paul, é uma questão de rigor de ofício, a História tem suas peculiaridades... para afirmar isso seria necessário buscar alguma documentação a respeito dos conflitos em que os charruas estiveram presentes, seja com os colonizadores europeus, seja com outros povos, etc., e somente a partir daí poderíamos afirmar algo a respeito dos charruas. Você entende? Mas ainda que tenham sido qualquer coisa, isso não atribui tal caráter ao povo uruguaio.

- Bom, e depois o chato é o filósofo...

- Gol do Brasil! Gol do Brasil! Você viu Paul? Eu sabia, só tá dando Brasil mesmo.

- Calma, ainda faltam 15 minutos...

- Por fim acabou sendo bom ter vindo, eu realmente nem fazia tanta questão, preferia ter ficado jogando tênis em Toulouse. Só vim mesmo porque agora o Brasil está super na moda na França, e os jornais para os quais eu colaboro insistiram muito, queriam que eu escrevesse algo sobre o assunto e tal...

- É... você gosta muito de tênis?


De repente os alto-falantes começam a comunicar algo em inglês, os sinais luminosos indicavam as saídas de emergência e logo os seguranças começam a conduzir a evacuação do local. A partida foi interrompida. Todos ficaram muito confusos no momento, ninguém sabia explicar ao certo o que estava acontecendo e somente no dia seguinte os franceses puderam ler no jornal o que realmente havia acontecido: um veículo em alta velocidade se chocou contra um poste de iluminação, provocando um curto circuito e em seguida a explosão do veículo, o que lançou chamas na estrutura de iluminação do estádio. A partida teve de ser interrompida e o estádio evacuado em cumprimento às normas de segurança da FIFA. Fora o condutor do veículo, o incidente não causou mais mortes. Mas também ninguém lamentou muito a morte de José, o condutor. Era um velhinho de 84 anos, brasileiro atípico que nunca se interessara muito por futebol. Ele não tinha família, havia tomado a decisão de nunca mais se unir a mulher alguma em 1950, depois que sua noiva Judite, o deixou para partir com Ramón, um jovem uruguaio que ela conhecera na praia de Copacabana, um dia antes daquela derrota testemunhada por quase 200 mil brasileiros no Maracanã.

Futebol e narrativas equivocadas

— Amigo Paul, quantas mentiras serão contadas a partir deste espetáculo que veremos hoje?

— Não entendo o que quer dizer, François. A que tipo de mentiras você se refere?

— A história oficial diz que 200 mil pessoas viram in loco a final da Copa do Mundo de 1950, neste mesmo estádio, com a participação dessas duas mesmas equipes que entrarão em campo daqui a alguns minutos. No entanto, ao longo desses últimos 64 anos pelo menos umas 800 mil pessoas (perdoe-me pelo exagero) afirmaram estar presentes aqui naquele dia. Pelo mundo afora, até mesmo homens que nunca estiveram no Brasil ajudam a contar como foi a tragédia vista por estas arquibancadas, às vezes com detalhes descabidos e fantasiosos. Há quem diga que trabalhava como sorveteiro ou vendedor de pipocas, ainda na adolescência; jornalistas esportivos dizem que algum parente os trouxe, ainda meninos, para ver o Brasil finalmente ser campeão. No final das contas, o que vale é a narrativa predominante?

— São outros tempos, meu caro François. Creio que certos detalhes da narrativa envolvendo um jogo de futebol já não podem ser repetidos em pleno século 21. No entanto, apesar de todas as ressalvas que tais relatos possam conter, não creio que possamos esquecer o ponto de vista de Santo Agostinho: o que existe, no final das contas, é o presente do passado. Por meio da memória é o ser humano que faz a história acontecer, a partir de suas ações e, quando tratamos de um assunto como o futebol, também a partir de suas paixões.

— Se pensarmos com calma, talvez vejamos que o evento em si mesmo não significa nada – ou muito pouco. Há 64 anos este Maracanã (nem parece o mesmo, não?) assistiu a um grande time ser suplantado por outro que não era tão grande, mas que se agigantou naquela tarde. Talvez, Paul, o que tenha havido aqui (entre mentiras e verdades) foi uma sucessão de fatos memoráveis (a lotação do estádio, o clima de “já-ganhou”, a atuação fantástica de Ghiggia). Juntos, esses fatos se cristalizaram como parte de uma narrativa histórica.

— Talvez a história saia um pouco enfraquecida desta final de hoje. Mas ela não poderá ser ignorada no futuro, seja a partir de verdades, mentiras ou alguns exageros que são cometidos pelo emocional que envolve um evento como este. Hoje certamente ocorrerão aqui diversas ações individuais ou coletivas que, reunidas, se tornarão história.

— É possível, é possível. Ainda penso que a interpretação do que possa ocorrer aqui hoje precisará ir além do que podemos chamar de realidade histórica. Até hoje não sabemos ao certo o que houve com Ronaldo em 1998, não? Se voltarmos a 1950, será que se o Brasil contasse com Heleno de Freitas o quadro teria sido outro? O futebol, sim, é uma ciência completa, meu caro. A História é bem mais simples.

— Isso dá margem a outra discussão, François. Mas antes de falarmos disso, chame o sorveteiro, por favor. E tente esconder melhor essa camisa do Uruguai debaixo da jaqueta...

Por Fernando Damasceno / Noturno / 647-3211

Copa do Mundo 2014

"Olá querido ouvintes, estamos aqui mais uma vez reunidos para festejar a 20ª edição da final da Copa do Mundo de 2014 que ocorrerá dentro de instantes, aqui, no nosso querido Maracanã.
Esse é mais um momento histórico na história do futebol mundial. E a história se repete mais uma vez, novamente se encontram Brasil e Uruguai para disputar mais uma final, nesse mesmo Maracanã que outrora consagrou o Uruguai campeão mundial e selou a história do futebol Brasileiro com o inesquecível Maracanazo.
E para me ajudar a comentar essa final histórica contamos hoje com dois comentaristas de peso que nos ajudarão a desvendar aquelas perguntas que estão presentes na cabeça de todos aqui presente, o Brasil irá ganhar ou mais um Maracanazo irá passar?
Sem mais delongas, com vocês Paul Ricoeur e François Furet! Bem vindos, sejam muito bem vindos!”

FF: Obrigado, obrigado. Boa tarde a todos. Boa tarde Pavão Bueno, boa tarde Paul.
PR: Boa tarde ouvintes, Boa tarde François e obrigado pelo convite Pavão. Muito inspiradoras as palavras que você disse Pavão, mas antes de mais nada queria aclarar que devemos ver esse evento como único e não como uma repetição histórica, afinal os tempos são outros.

“Claro, claro, mas não podemos negar que muitos aqui presentes estão apreensivos com o que poderá passar hoje aqui, tendo em vista o que ocorreu no passado”

FF: Olha, eu acho compreensível o nervosismo dos brasileiros com o resultado desse conflito, mas devo aclarar que a situação é mais favorável ao Brasil, afinal se olharmos o números de conflitos entre as duas equipes perceberemos que o Brasil leva uma grande vantagem sendo 35 vitória brasileiras, 16 empates e apenas 20 vitórias uruguaias. Pra mim vai dar Brasil, com certeza.
PR: Olha François pode até ser que o Brasil tenha um número maior de vitórias, mas esses números não provam nada que o Brasil vai ganhar aqui hoje.
FF: É só olhar os números Paul, além disso, o Brasil vem em uma sequência ótima de vitórias e um saldo de gols espetacular….
PR: E você sabe que nada disso importa numa final, aqui o que vale é o fator humano, as emoções, e não se esqueça de que na Copa de 1950 era dada como certa a vitória do Brasil e olha só o que aconteceu, um dos eventos mais marcantes futebol.
FF: É, mas futebol é gol, é estatística, é o número de pontos que você marca na tabela, mas é claro, com uma pitadinha de narrativa.
PR: Pitadinha não, muita narrativa, futebol é pura narrativa, é uma narrativa produzida coletivamente e é essa narrativa que faz o futebol ter esse papel social que tem e que o faz se tornar um símbolo de nacionalidade, ele cria identidades meu querido François.
FF: Mas se é só narrativa Paul, tudo fica relativizado, cada um conta como quer, eu até gosto de narrativa, mas quando ela é pautada em algo sólido como números. Não gosto dessa coisa de narrar de acordo com a verdade de cada um.
PR: Nem seus números são sólidos François, não se esqueça de que até sua ciência é humana.
FF: Mas nem toda humanidade é ciência.
PR: E quem foi que te disse que narrativa tem relação com a verdade, isso é você quem está dizendo, eu digo que narrativa é uma representação do vivido.
FF: Eai tudo fica relativizado….

“Que inspiradoras meus amigos as palavras de você, mas o povo veio aqui hoje pra saber de futebol e não de história.”

PR: Discordo Pavão, história é algo que interessa a todos os homens é com ela que a gente aprende, e aprende até sobre futebol, ela ajuda a construir significados sociais e culturais e por isso ela também constrói o futebol através da memória coletiva.
FF: Agora você vai me dizer que história só tem a ver com a memória....
PR: Pois é meu caro...
FF: Ai Paul, história trabalha com coisas que até a memória desconhece...
PR: Os momentos meu amigo, só são importantes porque estamos aqui hoje pensando neles como uma memória construída coletivamente, assim nos construimos a sua relevância e seu significado.
FF: A especificidade da história é estudar a evolução dos acontecimentos no tempo, dispondo de dados comparáveis entre si, dados que muitas vezes  fogem da memória...

“Meu queridos, vamos falar de futebol. Eai qual vai ser o placar?”

FF: É Brasil na cabeça.

“E você Paul?”

PR: Prefiro não opinar, futebol é algo imprevisível, não da pra dizer quem vai ser campeão”

“Ok então, vamos para o hino nacional e boa sorte às duas equipes” - ( Da próxima vez eu chamo duas pessoas menos complicada pra me ajudar a comentar.)

domingo, 29 de setembro de 2013

Paul Ricoeur
Considerações sobre o jogo de hoje:
I - Me lembro como se fosse hoje: o Maracanã lotado, a multidão de camisa amarela, os hinos entoados em uníssono. Era o Brasil, afinal de contas, jogando no Brasil. Não poderia ser melhor. Todo mundo sabia que aquela era a seleção de ouro, no país do futebol!
II - De repente, tudo começou a dar errado: apesar de termos aberto o placar aos 47 minutos, o Uruguai, 19 minutos depois, marcou. Tudo bem: o empate ainda era nosso. Mas, merda, naqueles 30, 35 do segundo tempo, vem outro gol. #decepção
III - Eu lembro da cara do meu pai: desespero. Parecia que nada daquilo era de verdade: o mundo desmoronou na nossa frente. Voltar pra casa foi foda naquela noite. — feeling nostálgico.
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Santo Agostinho and 22 others like this.
  • Santo Agostinho affff… mexeu comigo, esse dia. Tipo, mexeu na alma, mesmo...
  • Aristóteles Guarani-Kaiowá cês tão sensíveis hoje, hein? Caraca, gente, supera! A vida continua, meu, um dia depois do outro.
  • Paul Ricoeur Tô falando, @Aristóteles Guarani-Kaiowá! Eu só consegui superar depois que coloquei tudo no papel... foi foda.

François Furet
Sobre o jogo de hoje e a Copa dos corruPTos:

Não basta o governo me jogar R$ 26.586.547.035,89 de reais (que o governo assume né, gente? rss) investidos em grande parte na construção e reforma dos  12 estádios (alguns dos quais nem vão ser usados direito daqui pra frente) e ainda assim temos essa seleção mequetrefe, retranqueira e sem fome de bola! A galera do oba-oba que me perdoe, mas hoje eu sou Uruguai desde criancinha! #vaiforlan
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Fernand Braudel and 22 others like this.
  • Paul Ricoeur Ih, relaxa, meu! Curte o jogo… Tá falando que não gosta de futebol só porque o palmeiras tá do jeito que tá…
  • Fernand Braudel VIXE
  • François Furet A questão não é se eu gosto ou não te futebol, galera. A questão principal é: a gente tem todos esses dados, e agora? O que fazer com isso? Se a gente tem todo esse dinheiro disponível, pq não usar pra uma coisa melhor? Vamos falar de questões maiores, né?
  •  
Paul Ricoeur
#CHUPAFORLAN
ESSE BRASIL NÃO ME DECEPCIONA NUNCA! ETA PAÍS MARAVILHOSO!
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Fernand Braudel and 103 others like this.
  • Fernand Braudel ninguém acreditou em mim quando eu disse, mas a gente tá construindo isso aí desde 1982 #telêeterno


François Furet
Olha, esse time do Brasil não me representa desde 2002: dos 6 jogos até agora só ganhou das fraquíssimas Nigéria (2 a 1) e Austrália (1 a 0) na fase de grupos, empatou contra a Inglaterra (0 a 0 mais chato que eu já vi) e depois tirou a Itália (3 a 1 roubado) e a Suécia (1 a 0, sorte que o Ibra machucou antes) jogando mal demais, sem falar no sufoco contraa Turquia (1 a 1 nos penaltis, com 3 errados pra cada lado)...
Finalizou em média 15 vezes por jogo, com posse de bola média de 60% e um número absurdo de 20 faltas por jogo. Só é uma retranca feia de doer, que não produz na frente e não desenvolve atrás... O Uruguai tá zicado mesmo. tá bem melhor que esse timinho e a bola não entra!
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E. Labrousse and 22 others like this.


François Furet
PENALTI PORRA! JUIZ LADRÃO!
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Michel Foucault and 12 others like this.
  • Michel Foucault  que filho da putaaaaaa
  • Alfred Cobban o que aconteceu?
  • François Furet Não tá vendo, cara?
Alfred Cobban Essa merda da Globo fica passando comentário da Luiza Pozzi e não passa o lance! Que aconteceu?
François Furet Agora aos 30 do 2º tempo o Neymar pegou a bola sozinho e foi dar chapéu no Lugano. O cara nem viu e o menino já tava lá do outro lado, mas o Lugano é fazendeiro, pegou o Neymar por trás nas frente do juiz… E o cara me marca uma falta? Tá uns 2 metros pra dentro da área!
Yoshi Fukuyama É o fim…
François Furet fim é essa transmissão que não conta o que aconteceu da maneira certa. Ainda bem que o Face ta aí, a gente consegue colocar a ordem nesse caos de narração #foragalvão


Paul Ricoeur
GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL!!!!!!!!
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11 others like this.
  • Karl Heinrich Marx affff quem tá interessado, mano? Essa copa é uma piada, isso aí é só distração pras massas. AFE. Futebol é daora? Aham. Mas eu tô mais preocupado em não dar dinheiro pra esse bando de burguês fdp. As construtoras montaram em cima do financimaneto público dum governo elietoreiro e pau mandando da CBF pra fazer esses estádios faraônicos num país onde não se tem nem saneamento básico direito...
  • François Furet mais um?
  • Paul Ricoeur Relaxa um pouco, @Karl! Esse gol definiu tudo!!!!! O começo do fim! Agora vai!!!!


François Furet

É impressionante (pra não dizer deprimente), aqui tem umas 73 mil pessoas e dá pra ver famílias, gringos bêbados, playboys... e no máximo de cada 100 pessoas umas três que ligam pra futebol e uma que já foi em jogo de futebol de verdade… É muito carnaval pra pouco futebol…

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E. Labrousse and 5 others like this.
  • E. Labrousse  já contei uns 100 corintianos do meu lado!!! kkkkkkk

Paul Ricoeur
Caceta, dessa vez o Galvão vai infartar!
5 MINUTOS!!! ACABOUUUU! ACABOUUUUU!
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78 others like this.
  • Aristóteles Guarani-Kaiowá é, agora não dá mais, Uruguai. Adiós!

Paul Ricoeur
ACABOU!!! É HEXA!!!!!! É HEXA!!!!!!!
Acho que fica a lição, né, pessoal? Pra todo mundo que usou #imaginanacopa, IMAGINA AGORA! Parecia que já estava tudo condenado, que nada daria certo, que a direção já estava determinada. E daí? SURPRESA! Viu como a gente nunca pode prever o final de uma história?
Vou lembrar disso pra sempre!!! Valeu, Neymar!!!
 
Haters gonna hate. Eu vou é comemorar na rua! Alguém vai pro calçadão? — feeling hexacampeão do mundo!
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Fernand Braudel, Aristóteles Guarani-Kaiowá, Santo Agostinho and 245 others like this.
  • Karl Heinrich Marx afeeeeee esse povo é maravilhosooooo! Vem Paul!!! Tá todo mundo junto!!!


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Isadora Attab - 5937244 - noturno